“Aceito qualquer coisa” é a nova máxima dos desempregados no Brasil

“Eu aceito qualquer coisa” é a frase que se repete entre os milhares de brasileiros que formaram nesta terça-feira uma extensa linha em São Paulo para sair das listas de desemprego um flagelo que ameaça de desemprego no Brasil sem susceptível de melhora nos próximos anos.

Desde vendedores até operadores ou moços de armazém, na sede de um sindicato, no coração da capital paulista, são oferecidas até sexta-feira 6.000 postos de trabalho de diversas áreas e com um salário médio de 1.500 reais (cerca de 400 dólares) por mês.

A esperança e a angústia se misturam entre os milhares de desocupadas que recorreram a este “mutirão”, como são conhecidos no Brasil as “maratonas” organizadas por sindicatos e governos locais em que são oferecidos, de uma só vez, numerosos postos de trabalho.

A convocação superou todas as expectativas, reflexo da preocupante realidade que hoje vive o Brasil, entre a anunciada recuperação econômica, após a profunda recessão de 2015 e 2016, e os milhões de brasileiros que ainda não a vêem, nem de perto.

Coutinho fez as malas e se estabeleceu em São Paulo há quatro meses em busca de uma “melhor oportunidade”. É o primeiro de uma linha dramática, que dá várias voltas, e a que não se chega a ver o final. No seu caso, chegou às 09: 00 horas local do dia anterior, segunda-feira.

Depois de cerca de 24 horas, espera que haja algum post relacionado com a hotelaria, se não, aceitaria qualquer coisa: “eu Tenho que trabalhar, não posso ficar sem trabalhar”, garantiu.

A partir de fevereiro de 2016, a taxa de desemprego no Brasil está acima de 10 %, segundo dados do estatal Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Atingiu o seu pico em março de 2017 (13,7 %) e, a partir daí, apresentou um declínio gradual, mas sem abandonar os dois dígitos.Em janeiro, a taxa de desocupação era de 12 %, equivalente a cerca de 13 milhões de pessoas sem emprego, e coincidiu, também, com um notável aumento da informalidade.

Por trás desses números, há rostos angustiados, cheios de dúvidas, mas também esperança. Beatriz de Carvalho tem 18 anos e vem do interior do estado da Bahia, no nordeste, onde diz que as oportunidades são escassas. Segundo os números o problema está em levar o emprego para o interior, já que desde a industrialização lá pela década de 1950 é cada vez mais comum concentrar a mão de obra nas grandes cidades.

 

Fila de desempregados

Novos horizontes para o emprego no Brasil

No meio da tempestade, o Congresso aprovou, em 2017 uma polêmica reforma trabalhista que abriu as portas a um barateamento da mão-de-obra. O texto foi proposto pelo Governo do então presidente Michel Temer, que permaneceu preso preventivamente durante os últimos quatro dias por suspeitas de corrupção, mas foi posto em liberdade nesta segunda-feira.

Então, se disse que a reforma serviria para estimular a contratação, mas até o momento, os seus efeitos foram mínimos, embora Duque lembre-se que esse tipo de mudança só começam a sentir-se a partir do quinto ano, a partir de sua aprovação.